quinta-feira, 13 de setembro de 2012

À Republiqueta

Quando cheguei aqui, além das boas-vindas,  preveram em  palavras o que me aconteceria. Fui recebida de braços abertos e felicidade estampada no rosto pela nova parceira, nas vozes reconheci os sotaques diferentes. 
Levaram-me ao lugar onde seria meu refúgio por 2 anos e meio. Era modesto, mas meu. As paredes me fizeram companhia nas lutas travadas comigo mesma, no reflexo diante do espelho, nas mudanças que aconteceram. Foram elas que me viram chorar por noites inteiras. Assistiram de camarote minhas performances realizadas descontraidamente no anonimato do quarto. As gargalhas que dei, as conversas sérias e fúteis que tive ali. A busca em querer amadurecer. A mudança de alguns conceitos. A intimidade com o Eterno que ia sendo adquirida através de orações sinceras. O ar apaixonado e os suspiros dados quando via as fotografias no mural. Lá eu me descobri, me encontrei, me achei... me entendi. 
O lugar tinha um ar família devido aos seus integrantes, e apesar das personalidades diferentes ali, conseguíamos com paciência e respeito viver em harmônia. Como toda família tivemos discussões, choros, pedidos de perdão e risadas, muitas risadas. Nos apoiávamos mutuamente. Incentivávamos uns aos outros, orávamos juntos, desejávamos o bem um do outro. E quando as lutas chegaram unimos forças e lutamos juntos. 
Ali conquistamos e cativamos pessoas. Fomos abençoados. Compreendemos o significado da palavra servir. Aprendemos que às vezes é necessário calar ao invés de retrucar. Desenvolvemos a capacidade de submissão e obediência, mesmo sem entender o que viria pela frente.  Ensinaram-nos que "a qualidade do nosso ministério depende da qualidade dos nossos relacionamentos". 
Tínhamos certeza de que aquele tempo era fundamental na vida de cada um. Muitos passaram por ali, o tempo de cada um foi individual e único mediante o esquema arquitetado pelo Divino. Ele sabia o tempo  particularmente necessário. Mas uma coisa é certa, todos aprenderam algo. Aplicar no cotidiano cabe a cada um que ali viveu.
Poderia listar tantas outras coisas, situações, pessoas... mas na verdade elas não causariam tanto impacto em quem não teve a oportunidade de vivenciar o que descrevi até agora. 
Sabíamos que um dia teríamos que dizer adeus e cada um seguir seu rumo, mas fomos pegos de surpresa pela antecipação do partir. O desapego ao lugar já havia entrado no corações, mas não às pessoas. Resta-me agora agradecer pela oportunidade de ter vivido com intensidade tudo isso, compartilhado experiências, entendido o porquê de ter estado ali por 2 anos e meio. 
Meu desejo agora é que cada um siga naquilo proposto pelo Pai. Que não esqueçamos de tudo que aprendemos ali. Que as doces lembranças fiquem guardadas para sempre no corações e memórias. Que cada um seja abençoado naquilo que realizar. Os amo!
Dizer adeus a quem ama não é fácil, mas às vezes necessário. Então melhor que dizer adeus é dizer: até breve...

À minha nobre Republiqueta, com carinho...





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