quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Em Paz

Acordou de bem consigo mesma. Olhou-se no espelho e se achou bonita mesmo com o cabelo desgrenhado que a fazia lembrar da Maria Bethânia. O enrolou num coque e ainda de pijama colocou o óculos, aquele que dá um ar de nerd a ela. Lembrou que tinha ido dormir com inúmeros pensamentos e tentando resolver problemas, arrependeu-se de contar segredos, mas como estava tão cansada, assim que deitou apagou num desmaio que só a fez levantar às 08:40 da manhã. Dormiu e acordou cansada, mas sua vida estava assim, numa rotina tão agitada que ela mal tinha tempo pra respirar. Mas estava bem, mesmo com tanta agitação e falta de tempo. Estava também mais auto-confiante agora e já não tinha receio do que poderia dar errado, ela agora está consciente de que vale a pena sempre andar com os pés no chão. Recebeu uma poesia em áudio pelo WhatsAp e ficou agradecida por ter pessoas tão queridas que demonstram carinho de forma simples e inusitada, da forma que ela mais gosta e aprecia. Alimentou seu peixe enquanto no fogo o bule anunciava que o café estava pronto e no ponto. Tomou o café aos goles enquanto papeava com o pai sobre livros, uma paixão em comum que possuem. Quando se levantou da mesa sentiu que estava bem, e mais importante, em paz.  


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Reticências

'Falhei', pensou ela deitada no escuro do quarto enquanto relembrava conversas e acontecimentos. Sozinha com seus pensamentos tentava ensaiar a conversa que ansiava ter. Pensou como inutilmente tentou proteger seus sentimentos e de como se esforçou para não se entregar à emoção. Tinha prometido a si mesma que não se deixaria levar, que estaria com os pés no chão... Ah, mas ela tinha esquecido que o coração às vezes tem vontade própria e que por mais que a razão grite, ele não a escuta. 
'E agora? O que fazer?', continuava acordada embora já fossem 02:30h da manhã e o sono não aparecia, e os pensamentos não deixavam espaço para o descanso chegar. Das duas uma, ou se entregaria ou ia embora e estava consciente das consequências que cada escolha traria.  
Ai começou a agonia, aquele agonia boa e ruim. Percebeu que já se importava demais com as palavras que ele dizia, que sentia sua falta e que pensava constantemente nele. Percebeu que se importava demais com a vida dele para deixá-lo ir e se deu conta de que não queria abrir mão dele. Por fim, depois de tanto meditar, escolheu que se entregaria, estava cansada de dar ouvidos à vozes alheias, estava cansada de não poder viver intensamente sua própria vida. Tinha certeza que não seria fácil, mas ela sempre foi aquele tipo de gente que não gosta de seguir regras, que gosta de desafios. 
Agora está à espera, pronta pra enfrentar a guerra, caso ele escolha caminhar ao seu lado.


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Ca[ti]var

"- Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
 - É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
 - Criar laços?
 - Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..."

Ainda bem que você me cativou. Agora já não passas despercebido entre cem mil. Agora temos necessidade um do outro e já não vejo minha vida sem sua presença. Ainda bem que você me cativou. Agora eu compreendo a palavra fidelidade. Agora sei o significado de sinceridade e já não tenho receio de ser quem sou. Ainda bem que você me cativou. Agora entendo o real significado de amizade. Agora entendo o que é ser responsável por aquilo que cativei.